Savage, aespa: Black Mamba deve estar ganhando, porque as músicas continuam horríveis

aespa tinha tudo pra ser O GRANDE novo grupo da SM. Finalmente conseguiram manter o conceito fanfic mesmo depois do debut (algo que não conseguiram com o EXO, por exemplo)… O problema é que tudo que o grupo soltou agora pareceu derivativo e descartável (ainda mais contando que foram dois singles soltos sem uma mísera b-side). Agora, lançando um EP e finalmente prometendo chegar a Kwangya, será que as coisas vão melhorar?

O dia foi bem cansativo e corrido, então eu não estou com muita paciência pra enrolar pro que tá óbvio aqui: ainda tá uma porcaria, mas, pelo menos, é uma porcaria original.

Savage deve ter uma equipe de produção bem parecida com o dos recentes singles das units do NCT, porque a proposta “diferentona” é parecida: versos mais urban e industriais, com inspirações traps, um pré-refrão cheio de gritos com um ótimo crescendo e um refrão que volta as influências dos versos de uma forma mais sutil + gritinhos + passinho de Tik Tok. Não parece uma música do NCT, porém. Pela PRIMEIRA VEZ, depois de TRÊS SINGLES, o aespa lança algo que não parece copia de cola de outro grupo. Este mérito, pelo menos, o grupo tem.

Se com Next Level eu não entendi porque um monte de gente que eu conhecia começou a gostar do grupo, com Savage eu entendo. A música é organizada ao que se propõe, realmente tem uma proposta de interpretação que mantem o caráter mais experimental do rolê (os melismas aleatórios junto dos gimme gimme now zu zu zu querendo ou não, é isto). Não é do meu gosto, mas reconheço ser mais próximo de algo ouvível como música (e não como barulhos com frases aleatórias em inglês).

Então, querendo ou não, do lado sonoro, temos uma evolução (por mínima que seja, já que toda esta proposta industrial “experimental” ainda é a SM surfando na modinha ao invés de ditar a modinha, como fazia antes).

PORÉM, do lado visual, a empresa ERRA FEIO, escorregando em muito nos acertos que conseguira ao lançar o primeiro episódio do lore oficial da estória do grupo (pros desavisados: estória ficcional se escreve com “e” mesmo, “história” é pra coisas que aconteceram de verdade, por isto que o Toy Story se chama assim, e não “Toy History”). Não organizaram a estória, não tem o mínimo progressão, elas ainda estão falando que VÃO pra Kwangya sendo que, de acordo com o Next Level, elas já estavam lá!

Você pode chutar que o clipe e a letra fala sobre a luta delas contra a Black Mamba (as cenas finais do clipe sugerem muito isso), com elas vencendo no final e sendo agraciadas enquanto fadas winx de animação 2D (melhor parte do clipe, a propósito). Mas isto é ainda um CHUTE. Do jeito que a fanfic tá explícita em tudo que cerca o grupo (com a própria promoção as ae), esta entrega é, no mínimo, porca.

Não precisa entregar uma estorinha super coesa com começo meio e fim, mas também não precisa tacar o foda-se e jogar as personagens em um bando de cenários aleatórios, com referências a esmo, para os fãs fazerem o trabalho de organizar tudo. Ao ver este clipe, lembrei da fase atual do LOONA (o tombo que elas tão levando né? o.o’ Fico imaginando se o grupo vai se salvar com a BBC não tendo um centavo sequer) que mais referencia uma estória do que a conta de fato. Mas, no caso do LOONA, elas tem dois anos de lore minimamente organizado pra poder referenciar. O aespa, mal inseriu o primeiro conflito e se perdeu todo na hora de contar a estória.

Por que será que isto acontece? Minha teoria é que a SM não tem a coragem de investir full na estória. Tirando os efeitos visuais, quem gerencia o grupo as enxerga como mais um na leva BlackPink/ITZY, pois procura alcançar um sucesso similar. Não teria problema, se a empresa não tivesse tornado a estória das ae tão central no grupo.

As próprias album tracks refletem isto. Pra começar, todas elas são melhores que o single (com músicas com mais cara de música mesmo), muito influenciadas pelo industrial, pelo techno, pelo hip-hop e por trap. É o tipo de álbum que você esperaria do BlackPink e do ITZY (principalmente do último), ainda mais com as letras e os conceitos por trás das músicas serem bem SUTIS na hora de trazer qualquer profundidade MÍNIMA pra estória das ae em Kwangya.

Mas não vou mentir. Apesar de ter achado tudo isto uma palhaçada, eu gostei da intro apresentando elas e mais três faixas do álbum: I’ll Make You Cry, onde conseguem organizar ainda mais a música sem perder a proposta do single (se o 2NE1 estivesse vivo, lançaria coisas como esta música, com certeza); Yeppi Yeppi, que é, basicamente, uma uptempo red do Red Velvet (ou seja, é a melhor do EP); e Lucid Dream, um número bem sóbrio de R&B e trap, muito gostosinho e bem produzido.

aespa continua a decepcionar com Savage, mas, desta vez, já estamos vendo o grupo há tempo o suficiente pra perceber que não é só na música que residem os problemas. Eu, que sou tiete de fanfics e teorias doidas como a de Kwangya, fico sem qualquer vontade de saber mais do grupo. Ele é tão… vazio. Parecem quatro bonecas com um monte de roupa e CG em cima. Mesmo tendo gostado três faixas do EP, ainda assim não cativa. E a culpa disso é toda da SM por: (1) resolver seguir modinha mesmo sendo um dos maiores players do mercado e (2) por ficar criando hype em cima de uma fanfic que não consegue trabalhar.

É até engraçado porque minha irmã estava começando a gostar da IDEIA do aespa, mas não conseguia escutar as músicas. Aí, quando apresentei o STAYC pra ela (agora ela tá me pedindo recomendação de grupos mais recentes), a menina se apaixonou NA HORA pelas músicas e pelas integrantes… Acho que é meio que isto que funciona com o aespa no momento: a ideia até atrai o olhar, mas não tem mais nada além da superfície do conceito que te segure pra acompanhar o grupo (nem mesmo um aprofundamento do próprio conceito o.0′).

O Aquário Hipster também tem twitter!! Segue lá se quer me ver indo eternamente pra Kwangya: @AquarioTutu