Talk that Talk, Twice: Um verdadeiro single comemorativo

Twice chegou a um ponto crítico de sua carreira como garotas da nação. Completando sete anos de debut, é chegada a hora de renovação de contratos, momento em que praticamente toda a segunda geração implodiu com a saída de várias integrantes de suas empresas. Mas isto não aconteceu com o Twice. Todas renovaram e o grupo tem, pelo menos, mais três anos de vida tranquila pela frente. Talk that Talk foi lançada em meio a esta notícia e, bem, tá na cara que essa música é de comemoração mesmo:

Talk that Talk é uma faixa disco que conseguiu misturar os dois lados que marcaram a trajetória do Twice: o fofinho girl next door do começo e o classudo chique mais recente. A mensagem e a forma como elas cantam evocam essa aura mais inocente e leve enquanto o instrumental mergulha fundo na pista de dança, sem grandes rodeios. O clipe, por sua vez, é bem mais contemporâneo e traz uma vibe de ciberespaço anos 2000, algo que eu veria sem problemas em Pequenos Espiões 3D.

Nesta mistura, a faixa ganha muito mais texturas interpretativas que seu típico single do Twice, criando uma sensação de que ela serviria até mesmo como último single do grupo (se elas não tivessem renovado). Afinal, elas vieram pós-SNSD OT9, no primeiro grande grupo formado de realities, com a missão de continuar a onda do k-pop feminino para além da moda que veio com a 2ª geração. Se pegarmos a discografia inicial delas neste período (até Signal e Likey mais ou menos), antes da fórmula ficar excessiva e cansar, o grupo trazia uma vibe de positividade, de um terreno inexplorado até então por outros girlgroups, que tentava quebrar a dicotomia aegyo X sexy sem deixar de soar moderno e trendy (o que foi chamado de teen crush na época e copiado a rodo por todas as rookies até 2017). Era uma brisa de ar fresco, com a JYP querendo melhorar em cima da fórmula que a SM cunhou para o Girls’ Generation sem apelar excessivamente para o público masculino (algo bem comum para os girlsgroups da época).

Talk that Talk me lembra tudo isto, traz uma energia explosiva (agora já nostálgica) de meninas que estavam explorando terrenos novos e empolgantes sem deixar de ser minimamente fofas. Quando a Jihyo/Nayeon gritam “tell me what you want, tell me what you need” (diga-me o que quer, diga-me o que precisa) é como uma meta linguagem para como as músicas delas eram motivadoras a sua própria medida, que traduziam a mensagem de “garotas podem tudo” vinda do Girls’ Generation para os novos adolescentes (hoje já adultos) e, assim, deixava este discurso contemporâneo para quem conheceu o k-pop mais para o fim da 2ª geração.

A entrega mais madura desta faixa também revela como o grupo mudou com o passar dos anos e já faz um tempo que elas não são mais essas meninas buscando seus sonhos. Elas já estão lá, já estão poderosonas, com tudo, e o papel das músicas delas (principalmente a partir de FANCY) também amadureceu junto com o público, levando-nos a espaços de calma e catarse por entre as dificuldades da vida adulta. Assim, Talk that Talk também é uma faixa sobre se sentir gostosa, bonitona, dona da pista de dança, enquanto um canhão de confetes explode atrás de você.

É interessante porque a própria função da imagem do clipe também desempenha um papel neste conjunto. Este mundo do aesthetic anos 2000, para muitos que acompanham o grupo desde o lançamento (digamos, pessoas que tinham entre 10 e 20 anos quando elas debutaram), remete a nossa infância, que desbravamos este mundo e imaginávamos este espaço também de exploração enquanto éramos os primeiros de nossas casas a desbravar a internet sem medo. Isto aumenta e fator “nostálgico” de Talk that Talk e dá aquela emoção a mais pra quem tem essa afetividade com o grupo desde o começo.

Tudo se culmina no QR Code final, que remete a um post de instagram de 2015 (coloquei ele aqui embaixo) com uma foto delas no comecinho de carreira, anunciando o nome do fandom (ONCE) pela primeira vez. É incrível ver como essas meninas cresceram e se tornaram mulheres, assim como nós crescemos e amadurecemos.

Eu queria que o álbum seguisse na mesma linha, emulando um pouco de cada tipo de b-side que já tivemos delas, como uma verdadeira homenagem da trajetória até aqui (como foi o novo álbum do SNSD). Dá até pra ver que eles tentaram um pouco, mas nada tem o pulso criativo e explosivo do single. A maioria das faixas soam um pouco americanas e genéricas demais pra fazer jus ao que trouxeram com o single. Todas poderiam estar no álbum de uma Sabrina Carpenter/Olivia Rodrigo da vida, o que, pra um grupo com tanto prestígio e músicas gravadas, é uma pena.

Dito isto, Basics foi a faixa mais gostosinha pra mim, mas eu garanto que, pelo tanto que eu fiquei empolgado com single, é capaz de eu ir escutando mais o álbum até engolir praticamente tudo kk (Formula of Love aconteceu exatamente isso kk).

E esse shade com o “9” no título, hein??

Talk that Talk foi certeira. Gostosinha, dançante, emotiva e simples, conseguindo trazer muito da trajetória do Twice sem perder a leveza dos singles mais legais delas. É incrível que o grupo vai conseguir durar até os dez anos sem perder nenhuma integrante (NINGUÉM botava fé, NINGUÉM) e Talk that Talk realmente parece uma comemoração de que nós teremos ainda um pouquinho mais de Twice pra aquecer nossos corações.

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7 comentários em “Talk that Talk, Twice: Um verdadeiro single comemorativo

  1. Quando ouvi essa música e assisti o mv também senti uma sensação meio emocionante ou sei lá, nostálgica. (Isso sem antes saber que o qr code levava pra essa postagem) e lendo teu texto eu descobri. Acompanhei elas desde o reality e tem aquela coisa de meio que tu sentir que faz parte daquilo, muito louco.
    Gostei da música, mas acho que eles poderiam ter caprichado mais no refrão pra se tornar mais memorável e fixar mais, mas, passado esses dias tô ouvindo sem parar com outros lançamentos e claro o mini que tá muito bom na minha opinião, Basics também foi uma das minhas preferidas ou se não foi uma das melhores do mini.
    E claro, as meninas estão lindíssimas e os visuais impecáveis como sempre.

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  2. Esse sentimento que você descreveu, é exatamente isso!!
    Despois de ler isso aqui, ela parece ser bem mais especial do que achei de início.

    Mas o que me trava nela (ainda) é a falta de um pós refrão. Se parar pra pensar, os pós refrões do Twice costumam ter um papel muito impactante na música, então eu fiquei na espera até o fim da música. Talvez seja o tal do ‘fator replay’? Talvez. Mas se for: JYP, desnecessário fazer isso com um grupo véi de guerra como o Twice😖

    (Fotinha delas🤏)

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  3. confesso q já estava me preparando pra encarar o pape de viúva do twice ot9 kkkkkk to até agora chocada com todas elas renovando e acho q é por isso q eu amei tanto essa música eu estou VICIADA nela

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